O início da década de 90 foi o cenário de um dos acontecimentos mais importantes do século vinte. Naqueles anos a cortina de ferro europeia entrava em colapso, e o muro de Berlin jazia em pedaços no chão da Alemanha unificada, era o fim de 74 anos de regime comunista na gigante União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Em dezembro de 1991, quinze repúblicas que compunham a URSS declaravam sua independência e com isso declaravam também o fim de uma trajetória que ajudou a legar a humanidade uma guerra “sem tiros”, e a divisão do mundo em dois blocos políticos – socialista e capitalista – por quase 50 anos.
1991 foi um momento de turbulência na Rússia – URSS naquela época. Gorbachev formulou reformas que não foram aceitas por comunistas radicais, incluindo a KGB. A situação transbordou quando, em Agosto ’91 a linha dura tentou um golpe contra o governo de Gorbachev. Durante o golpe quando as forças KGB tentaram assumir o controle dos edifícios parlamentares, jovens russos saíram em sua defesa. Os edifícios eram um símbolo do direito dos povos russos de liberdade e democracia e os jovens não estavam preparados para ser espectadores mudos enquanto a KGB assumia o controle sobre eles. Nos confrontos que se seguiram, muitos dos defensores jovens perderam suas vidas. No final, o golpe fracassou e do sacrifício das crianças que morreram – escolheram a morte a uma vida de subjugação e propaganda – ficaram cravados nos corações e mentes do público russo a preciosidade de sua democracia tão duramente conquistada.
Um mês depois, em setembro de 1991, um concerto de rock de um dia foi organizado em um enorme campo de aviação Tushino, nos arredores de Moscou. Embora fosse para fazer parte da turnê européia do “Monsters of Rock”, este concerto foi especial pelos fatos que tinha acabado de o anteceder, o evento era gratuito – aberto a todos. Pela primeira vez, havia bandas ocidentais, especialmente americanos, que tocavam na Rússia para saudar o espírito dos jovens e que eles haviam se libertado.